Pressão palaciana reforça movimento de resistência de policiais e bombeiros militares

O velho e conhecido veneno, muitas vezes usado, ao longo da história, para debelar a insurreição de oprimidos, que ousam se levantar contra seus opressores, nem sempre, como se sabe, produz o efeito desejado por aqueles que o administram.

Parafraseando o pensador Nietzsche - aquilo que não nos mata, nos fortalece -, dona Maria, uma humilde e anônima lavradora do Povoado Água Viva, a 27 quilômetros de Imperatriz, cunhou, filosoficamente, com toda propriedade, depois de assistir, na telinha da Globo, a notícia da forte paralisação de policiais e bombeiros do Maranhão, mesmo diante das espalhafatosas “medidas de contensão” adotadas pelo Governo: “meu filho, aquilo que não mata, engorda...”

Tenho a impressão, e posso até estar enganado, mas é exatamente isso que vem ocorrendo, nas últimas 48 horas, com o até então inacreditável “Movimento de Novembro”, cujo indizível ato de desobediência imobilizou o braço armado do Estado, tradicionalmente submisso e domesticado.

Os dados que contabilizam o processo de engajamento e mobilização do movimento revelam que a reação palaciana, consistente a decretação de ilegalidade de “greve”, a ameaça de prisão de lideranças, a iminente ação intervencionista da Força Nacional e até do Exército Brasileiro, e a disseminação de contra-informação pelo aparelho de mídia do Estado para assustar e/ou persuadir os protestantes fortaleceu, substancialmente, o manifesto a ponto de torná-lo irreversível, com consequências inimagináveis.

E digo mais. O alto estafe do Governo já tem a avaliação segundo a qual o efeito das medidas foram paradoxais às pretensões do próprio Governo.

Como diria dona Maria, só lembrando novamente, “aquilo que não mata, engorda”.

Daniel Pereira de Souza (Advogado)